Hoje decidi levar a cozinha para além do ato de nutrir o corpo, transformando-a em um espaço de descoberta, aprendizado e conexão com meu filho, João. Ele, com seu jeito único de ver o mundo, ensina-me diariamente sobre paciência, amor e resiliência. João é autista, e cada pequena conquista sua é uma celebração em nossa casa.

A manhã começou com a escolha da receita. Optamos por fazer biscoitos de chocolate, algo que sabia que capturaria seu interesse, não apenas pelo resultado, mas pelo processo. Medir os ingredientes se tornou uma brincadeira, uma forma de integrar a matemática de maneira prática e tangível. Cada colher de farinha ou açúcar era uma pequena vitória, um passo a mais em sua autonomia e compreensão do mundo.

Durante o processo, observei sua expressão atenta, o franzir da testa ao tentar despejar a farinha na tigela sem derrubar fora. Seu comprometimento com as tarefas, sua disposição em tentar e tentar novamente até acertar, encheu-me de orgulho. Houve momentos de frustração, claro. Quando algo não saía como esperado, sua primeira reação era querer desistir. Mas, juntos, respirávamos fundo, e eu o incentivava a tentar mais uma vez, mostrando que erros fazem parte do processo.

A parte que ele mais gostou, sem dúvidas, foi decorar os biscoitos. A criatividade fluía de suas mãos. Cobri-los com chocolate e confeitos coloridos era como pintar um quadro, e cada biscoito era uma obra de arte única. Esse momento de expressão livre foi valioso, permitindo-lhe comunicar-se de maneira não verbal, algo tão vital para ele.

Quando os biscoitos estavam prontos e o cheiro agradável se espalhou pela casa, vi seu rosto iluminar-se com a realização do que havíamos alcançado juntos. Comer os biscoitos foi, claro, a melhor parte, mas percebi que o processo tinha sido igualmente importante. Esses momentos de união, aprendizado mútuo e celebração das pequenas conquistas são os que fortalecem nosso vínculo.

O que funcionou hoje:

Escolher uma atividade de interesse mútuo, garantindo a motivação desde o início.
Integrar aprendizagens práticas, como a matemática, de forma lúdica.
Dar espaço para expressão livre, permitindo-lhe decorar os biscoitos a seu modo.

Anotações para profissionais:

Atividades práticas, como cozinhar, podem ser altamente benéficas no desenvolvimento de habilidades motoras finas, noção espacial e sequenciamento.
A expressão criativa não verbal deve ser incentivada, pois permite outras formas de comunicação.
Momentos de frustração são oportunidades de aprendizado sobre resiliência e autocontrole.

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